terça-feira, 23 de setembro de 2014

Dia da juventude no Brasil.

No dia da juventude no Brasil, em alguns segmentos, não há muito que se possa comemorar.
  
No dia da juventude no Brasil, em alguns segmentos há,  pouco a comemorar...

“Hoje temos 550 mil presos, número que compõe a quarta população carcerária do mundo, em acelerado ritmo de crescimento”. Entre 1980 e 2010, cerca de 1,9 milhões de brasileiros foram assassinados. Na virada desta década, computávamos 50 mil homicídios dolosos por ano. As vítimas, como era de se esperar, têm sido majoritariamente os jovens pobres, do sexo masculino, sobretudo negros. De acordo com o mapa da violência, do professor Júlio Jacobo Waiselfisz, de 2012, somente 8 % desses casos de homicídios são investigados com sucesso. As estatísticas e os fatos confirmam que o Estado Brasileiro não coíbe a violência, não protege o povo fragilizado pela exclusão social e econômica, investiga pouco e ineficazmente, condena demais e encarcera sem critério adequado. Essa privação da liberdade, muitas vezes resultante da insensibilidade ou da ignorância de qual arbitra a aplicação da lei, concorre para a expansão rápida da cultura do crime. Dos presos brasileiros, somente 12% foram condenados por crimes letais. Dois terços da população carcerária, quase 370 mil pessoas, caíram atrás das grades acusados de traficar drogas ou cometer crimes contra o patrimônio. Nos centros penitenciários, o garoto que transportava papelotes do morro para o asfalto torna-se aluno preferencial e compulsório do trafico. Aprende logo a ferir, lesar. Neste caso a punição exemplar, tão reclamada pelos setores conservadores, acaba por instruir os jovens que retornarão aprimorados, e muito mais perigosos, ao circuito da delinquência. As iniciativas para a ressocialização, não dão conta de redirecionar tantas almas em suplício, cujo exercício de cela é aperfeiçoar o ofício criminoso e, em muitos casos, tramar a vingança difusa contra o sistema opressor.” E também contra os desafetos. 
O relato da história recente mostra que precisamos rever com os jovens as práticas atuais, traçando ações concretas que auxiliem: as famílias a lidarem com as mazelas psicossociais de um Brasil desigual, as escolas na revisão dos currículos inadequados para os jovens tanto do “morro quanto do asfalto”, a nossa relação com os jovens para que sejam ouvidos em seus sonhos e suas angústias. 
Nós que militamos no Terceiro Setor, para além dos demais profissionais que atuam com jovens em situação de vulnerabilidade social, precisamos compreender mais do que nunca, quem é o jovem deste tempo, neste lugar e com estas vivências. Escreve Meirelles e Athayde no livro “Um país chamado Favela” que “esse é o problema. Esse é o desafio. É trabalho de conserto para mais de duas gerações e convém inicia-lo com urgência”.

“Hoje temos 550 mil presos, número que compõe a quarta população carcerária do mundo, em acelerado ritmo de crescimento”. Entre 1980 e 2010, cerca de 1,9 milhões de brasileiros foram assassinados. Na virada desta década, computávamos 50 mil homicídios dolosos por ano. As vítimas, como era de se esperar, têm sido majoritariamente os jovens pobres, do sexo masculino, sobretudo negros. De acordo com o mapa da violência, do professor Júlio Jacobo Waiselfisz, de 2012, somente 8 % desses casos de homicídios são investigados com sucesso. As estatísticas e os fatos confirmam que o Estado Brasileiro não coíbe a violência, não protege o povo fragilizado pela exclusão social e econômica, investiga pouco e ineficazmente, condena demais e encarcera sem critério adequado. Essa privação da liberdade, muitas vezes resultante da insensibilidade ou da ignorância de qual arbitra a aplicação da lei, concorre para a expansão rápida da cultura do crime. Dos presos brasileiros, somente 12% foram condenados por crimes letais. Dois terços da população carcerária, quase 370 mil pessoas, caíram atrás das grades acusados de traficar drogas ou cometer crimes contra o patrimônio. Nos centros penitenciários, o garoto que transportava papelotes do morro para o asfalto torna-se aluno preferencial e compulsório do trafico. Aprende logo a ferir, lesar. Neste caso a punição exemplar, tão reclamada pelos setores conservadores, acaba por instruir os jovens que retornarão aprimorados, e muito mais perigosos, ao circuito da delinquência. As iniciativas para a ressocialização, não dão conta de redirecionar tantas almas em suplício, cujo exercício de cela é aperfeiçoar o ofício criminoso e, em muitos casos, tramar a vingança difusa contra o sistema opressor.” E também contra os desafetos.
O relato da história recente mostra que precisamos rever com os jovens as práticas atuais, traçando ações concretas que auxiliem: as famílias a lidarem com as mazelas psicossociais de um Brasil desigual, as escolas na revisão dos currículos inadequados para os jovens tanto do “morro quanto do asfalto”, a nossa relação com os jovens para que sejam ouvidos em seus sonhos e suas angústias.
Nós que militamos no Terceiro Setor, para além dos demais profissionais que atuam com jovens em situação de vulnerabilidade social, precisamos compreender mais do que nunca, quem é o jovem deste tempo, neste lugar e com estas vivências. Escreve Meirelles e Athayde no livro “Um país chamado Favela” que “esse é o problema. Esse é o desafio. É trabalho de conserto para mais de duas gerações e convém inicia-lo com urgência”.

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